Ativistas da Estratégia: Quem são eles?

Teóricos, acadêmicos, sonhadores???

Esses e outros adjetivos, às vezes até pejorativos normalmente são atribuídos a um grupo de pessoas que olham suas organizações de uma forma especialmente diferente e que, além de suas atividades normais, se dedicam a pensar empresas melhores e mais bem preparadas para os desafios. Nesse contexto, sua influência na escolha e na manutenção das melhores estratégias torna-se um “fator crítico de sucesso” para a sobrevivência nesse mundo cada vez mais competitivo. Quem são esses idealistas e onde eles se encontram?

Em alguns casos no nível estratégico atuando como gerentes, mas muitas vezes trabalhando em qualquer recanto operacional estes apátridas formadores de opinião são “Ativistas” que dedicam seu tempo e estudo no convencimento de seus pares e muitas vezes com a missão hercúlea de doutrinar até mesmo os seus próprios chefes.

Penso às vezes que eles se assemelham um pouco a Ativistas Políticos contrários àqueles regimes totalitários que, tolerados são por esses governos como forma de propaganda, mas sempre controlados sob o manto de uma falsa concordância. Portanto, leia-se, “da estratégia” e não “políticos” quando o termo referenciar às organizações, onde o fato de testemunharmos o nascimento dessa nova profissão dimensiona bem o “gap” que nos separa da boa gestão.

No livro “O Ativista da Estratégia”, André Coutinho, Saulo Bonnassi e mais 26 executivos brasileiros num processo de cocriação discorrem sobre as atividades desses novos profissionais, que de “tolerados” anteriormente, começam agora a virar o jogo, conquistando mais e mais os papéis de protagonistas, como guardiões das estratégias empresariais. O livro descreve com maestria essa saga, utilizando-se de metáforas e analogias a um grupo de profissões que os autores descrevem como “faces”. Revela-se assim, a multiplicidade de qualidades associadas a esses abnegados.

Seja no papel de Enxadrista que antecipa o movimento dos concorrentes, Engenheiro que transforma a estratégia em algo prático, Arquiteto que desenha um sistema único e integrado de gestão, Educador que mobiliza a organização na direção da estratégia, Navegador que procura garantir o rumo panejado, Terapeuta que cria estímulos para o diálogo compartilhado, Designer que procura moldar futuros que façam sentido para as pessoas, Empreendedor que busca oportunidades de negócio, Político que articula em favor da estratégia, e na maioria das vezes atuando simultaneamente, este profissional diferenciado está sempre disposto a trabalhar mais e mais pelo sucesso da organização.

No desenrolar dos capítulos é sempre possível notar semelhanças do arquétipo com algumas pessoas do nosso dia a dia e reconhecer assim a importância da sua existência e também perceber os efeitos da sua ausência. Portanto essa complexa rede de interesses pessoais, econômicos, profissionais, culturais e empresariais que forma o que chamamos de organização, já não pode prescindir ou imaginar-se em sua visão de futuro sem contar com profissionais com esse nível de dedicação.

Para inúmeras empresas são eles que têm ditado o ritmo do sucesso servindo como intermediários aos executivos na transformação dos bens intangíveis como Capital Humano, Capital da Informação e Capital Organizacional, em coisas tangíveis como rentabilidade e reconhecimento dos clientes.

Portanto, adjetivos pejorativos e expressões desrespeitosas para as atribuições dos “Ativistas da Estratégia” são coisas do passado e o peso em ouro certamente balizará daqui para frente a busca desses incansáveis. Principalmente pelas organizações que já se deram conta de que para garantir a sustentabilidade e perenidade de qualquer negócio, e necessário primeiro planejar e executar as estratégias de forma integrada, alinhada e acima de tudo com muita responsabilidade.

Por:

Abílio de Moraes Paiva