SEBRAE - O Sucesso na Gestão

31/01/2013 20:22

 

Brasileiro, Pernambucano, Engenheiro Eletricista e Ativista da Estratégia, aos 60 anos Edjair de Siqueira Alves é o respeitado Diretor-Presidente do Sebrae Previdência – Instituto Sebrae de Seguridade Social. Fanático por Gestão ele recebeu o “Ponto de Gestão Entrevista” para compartilhar conosco um pouco de sua arte e experiência ao longo da carreira, notadamente dentro do SEBRAE, onde patrocinou e vivenciou uma verdadeira revolução. Essa odisseia é considerada hoje um CASE de sucesso no meio empresarial nacional.

 

 

Como o senhor encontrou o SEBRAE em termos de Planejamento e de Gestão e da execução em relação ao que era planejado?

No início de 1999, após um diagnóstico de que não havia uma padronização do discurso entre as diversas Unidades Estaduais e de que o Plano de Ação não estava ancorado em diretrizes  e objetivos estratégicos claros, foi desencadeado um processo de direcionamento estratégico que compreendeu vasta consulta às direções dos SEBRAE estaduais, membros do governo, iniciativa privada, incluindo a representação de micro e pequenas empresas e consultores externos. O processo foi baseado em metodologia da Amana-Key e em estudos de cenários de longo prazo e seus impactos nos pequenos negócios. Portanto, a reinvenção foi consequência da mudança do papel do SEBRAE como vanguarda não só do conhecimento, mas, também, detentor de grande capacidade de articulação e como instrumento efetivamente transformador da realidade brasileira.

O grande diferencial foi a sensibilização e internalização de todo o processo em todos os níveis da Instituição, inclusive junto aos stakeholders. O Sistema SEBRAE passou a ter uma Missão, Visão e cada objetivo estratégico fundamentado numa premissa e na expectativa da mudança, com macroprocessos bem definidos. Tudo isto passou a nortear o plano de ação, sendo implementados metas e indicadores, necessários ao monitoramento da estratégia, bem como um novo modelo de estrutura com forte interação horizontal.

O que levou a Direção a decidir mudar as estratégias de gestão da instituição?

Todo processo de planejamento estratégico deve ser precedido de ampla pesquisa com o público alvo da instituição. Tão importante quanto o público externo, que é a razão de ser da instituição, é o público interno que é quem faz acontecer. Como consequência, foi diagnosticada a necessidade de um novo direcionamento estratégico.

O que determinou a escolha do modelo implantado?

O consistente processo de discussão, iniciado com um pequeno público de cinquenta pessoas estratégicas e representativas dos diversos segmentos nos quais o SEBRAE estava envolvido e  a orientação da Amana-Key, com forte expertise em gestão estratégia. Em seguida, foi feita ampla discussão juntos aos dirigentes, gerentes e técnicos do Sistema SEBRAE.

Quais as principais dificuldades encontradas inicialmente e como elas foram superadas?

O ser humano é o principal agente de mudança nas organizações, no entanto, paradoxalmente, pela sua natureza,  ele reage a qualquer processo de mudança até que se identifique ou perceba onde está inserido no contexto da mudança. Portanto, o fundamental ao longo deste processo foi uma comunicação clara, permanente e customizada aos diversos públicos.

Este processo cria, naturalmente, uma forte expectativa na instituição como um todo, até porque você sabe como ele se inicia mas não sabe como vai terminar. Cada pessoa cria uma expectativa diferente, principalmente motivada por desinformação. Além do profundo respeito às pessoas, deve-se ter o cuidado, na sua condução, quanto à manutenção do ritmo normal das atividades.

Qual foi o papel da Alta Direção nesse processo?

Sem o apoio da alta direção é impossível o desenvolvimento de um processo desta natureza, muito menos sua implementação. Saber vender bem o processo aos Conselheiros, ou seja, com muita fundamentação, é essencial para o efetivo envolvimento ao longo do processo até  como facilitador de sua aprovação.

Qual a importância em se usar uma consultoria para participação nessa mudança?

Por mais especialistas em gestão estratégica que a instituição detenha em seus quadros, estes dificilmente estarão up to date com as técnicas e metodologias mais aderentes à natureza da instituição, haja vista a dinâmica de evolução. Um outro fator importante e fundamental na condução deste  processo é a isenção percebida pelos envolvidos, o que se consegue com mais facilidade com um ator externo.

Como foi a aderência dos colaboradores e da organização como um todo?

Inicialmente com um consistente processo de comunicação, procurando se antecipar às expectativas e questionamentos dos colaboradores e, em seguida, no efetivo envolvimento dos mesmos no desenvolvimento do processo. Em seguida veio a fase de internalização em todos os níveis da Instituição com a formação de multiplicadores por meio da realização de diversos seminários regionais, ministrados pela empresa de consultoria, envolvendo todos os gerentes e técnicos, num processo de sensibilização e de percepção do desdobramento do novo direcionamento estratégico.

Como foram os primeiros resultados palpáveis? (onde se percebeu que havia algo novo em curso)

Na nova forma de trabalhar internamente, com forte interação horizontal, sem redundância de ações, na consistência do Plano de Ação e Orçamento, onde se passou a fazer mais com menos recursos e, consequentemente, ampliar as ações. Externamente, pela ampliação e presença  da Instituição num maior número de municípios, passando a atuar mais em ações coletivas junto às micro e pequenas empresas e ampliando o seu leque de parceiros nacionais e internacionais. Até hoje as pesquisas de satisfação e de imagem da Instituição são crescentes.

Houve necessidade de integrar sistemas corporativos? (como foi?)

Este é um grande desafio, pois é uma importante fase da implementação de qualquer  planejamento estratégico com vistas à sua consolidação.  Após a definição dos macroprocessos até o nível de atividades, é fundamental a identificação das rotinas que podem e precisam ser automatizadas. No SEBRAE foram implementados diversos sistemas corporativos, desde a gestão estratégica e operacional até a gestão de pessoas e de atendimento ao cliente, todos  integrados em todo Sistema SEBRAE.

Quais os métodos adotados para gestão do novo modelo?

A padronização de sistemas que de fato se comuniquem, haja vista a grande integração entre as informações dos diversos processos.

Quando se percebeu os resultados mais consistentes na Organização?

Na qualidade e consistência do planejamento, monitoramento da estratégia,  plano plurianual, execução orçamentária e  monitoramento dos projetos em todo o país.  Os resultado são perceptíveis  na aderência e otimização dos recursos à missão da Instituição.

Com essa mudança, o que foi agregado de valor aos processos do SEBRAE?

Consistência, celeridade, “fulanização” (definição de responsável para cada etapa do processo) e integração dos colaboradores.

Com essa mudança, o que o SEBRAE agregou de valor aos processos dos seus clientes?

Qualidade do atendimento, com menor tempo de resposta, ampliação do portfólio, maior capilaridade, base cadastral e acompanhamento da evolução das empresas, com a identificação das suas reais necessidades.

Como o senhor analisa o antes e o depois no SEBRAE?

O aspecto mais importante foi o fato das gestões que sucederam ao direcionamento estratégico terem dado continuidade ao processo de fortalecimento e adequação aos novos desafios, além de consolidar os processos decorrentes, em sua maioria, automatizados.

Pensando agora no SEBRAEPREV como esta sendo a implantação de um novo modelo de gestão? (baseado na sua experiência anterior)

O SEBRAE PREVIDÊNCIA, que é a previdência complementar dos colaboradores do Sistema SEBRAE, tem apenas nove anos e eu tive o privilégio de participar da sua estruturação, ainda no SEBRAE, como Presidente do Conselho Deliberativo e ainda no SEBRAE, onde tive a preocupação de iniciar o funcionamento da Instituição com todos os seus instrumentos de governança implementados e atualizados.

 Ao final de 2010, quando assumi a Presidência Executiva, tive como prioridade o mapeamento, manualização e automatização dos processos, com manual de governança disponível e internalizado junto aos colaboradores e do conhecimento dos participantes.

O resultado disto é que somos uma Instituição enxuta, que conta apenas com  8 colaboradores e 3 diretores e atende 6.500 participantes distribuídos em todo território nacional, com 91% de adesão e 30 patrocinadores.

Para finalizar, temos que pensar e agir com grandeza, dando a real dimensão daquilo que você está envolvido, inclusive nas relações interpessoais.  Citando o Benjamin Disraeli, a vida é curta demais para ser pequena. Gestão é o que faz a diferença!

 

 

Edjair é Pernambucano, 60 anos, engenheiro eletricista e pós–graduado em Engenharia de Sistemas Elétricos, especializado em gestão estratégica –      Amana Key e INSEAD – Fontainebleau; desenvolvimento empresaria - OIT – Turim; recursos humanos - FGV; desenvolvimento de lideranças – FDC; desenvolvimento de empreendedores – BABSON COLLEGE – Boston; e melhores práticas de governança corporativa – IBGC. Foi Secretário-Geral da CHESF e do SEBRAE e atualmente é Diretor-Presidente do SEBRAE PREVIDÊNCIA, além de conselheiro da Brasilprev. 

Por:

Emanuel Siqueira e Abilio de Moraes Paiva